Um dos setores que mais geram empregos de carteira assinada em Mossoró e região, a construção civil enfrenta um grande desafio: a falta de mão de obra.
Uma parte desse problema está na dificuldade de preencher as cotas de empregos destinados aos PCDs (pessoas com deficiência).
Conforme a legislação, as empresas são obrigadas a empregar pessoas com deficiência em uma porcentagem calculada de acordo com a quantidade de funcionários. Empresas com 100 a 200 empregados, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4% e assim por diante. O não preenchimento dessas vagas resulta em pesadas multas para as empresas.
Para reverter essa situação, o presidente do Sinduscon Oeste, o Engenheiro Pedro Escóssia, já iniciou diálogos com entidades que atendem PCDs com o objetivo de ofertar essas vagas de emprego. Uma das primeiras ações nesse sentido foi a reunião com Saulo Lucas, Presidente da APDVM – Associação das pessoas com deficiência visual de Mossoró. Na ocasião, Saulo falou sobre as dificuldades dos PCDs visuais em se adaptarem ao mercado da construção civil e apresentou prováveis soluções.
Para Saulo, a própria natureza do trabalho na construção civil faz com que o setor não seja a primeira opção laboral de um PCD visual. "Na construção civil você precisa muito da visão, você precisa ter agilidade e uma mobilidade imediata. É um ambiente de risco para PCDs visuais e isso faz com que eles não se encaixem muito bem nesse ambiente" , explica Saulo.
Ao ser questionado sobre uma solução para inserir os PCDs visuais na construção civil, Saulo explicou que isso depende do grau de deficiência do PCD. "É preciso fazer um filtro. As pessoas que têm um grau não tão pesado de miopia, visão monocular e albinismos estão aptas para esse tipo de trabalho; temos associados nessas condições que são mecânicos e até motoristas. Até mesmo pessoas com cegueira total podem exercer cargos administrativos como almoxarifado e organização de materiais, mas nem todos podem ir para a pista de obras, isso colocaria em risco a pessoa com deficiência e poderia trazer problemas para a empresa", diz.
Apesar dessas dificuldades, Saulo acredita que o problema pode ser resolvido através do diálogo com as associações que atendem PCDs com outras deficiências, pois são elas que estão aptas a avaliar as capacidades dos associados e indicar quem pode ou não trabalhar na construção civil.
“Estamos em contato com várias instituições de apoio às pessoas com deficiência, tentando contratar e cumprir essas cotas. Quem é PCD, saiba que não falta emprego nas empresas da construção civil” , revela Pedro Escóssia.
A ideia do Sinduscon Oeste é promover um diálogo com as instituições para que elas realizem campanhas informativas sobre a disponibilidade de vagas na construção civil, avaliando as aptidões e também o interesse dos PCDs em ingressarem no mercado da construção civil.
De acordo com Saulo Lucas, esse trabalho já começou na APDVM. "Esse primeiro contato com o Sinduscon Oeste foi muito importante, pois nós também temos interesse. Já mandei alguns currículos dos associados e estou preparando mais. O importante é que as visitas continuem, pois os PCDs são colaboradores dedicados e que gostam de serem produtivos, de se sentirem capazes" , conclui.
O Sinduscon Oeste continuará mantendo diálogo com as associações na tentativa de superar o problema da falta de mão de obra de PCDs.
FONTE/CRÉDITOS: Divulgação
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